segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Em toda e de toda inspiração

Passei algum tempo lendo, mais lendo do que somente aliviando ao meu vicio: o escrever.

Li muitas coisas, mas o que mais me atraiu no dia de hoje foram os textos de Clarice Lispector. Fez eu pensar sobre muita coisa a respeito de mim mesma. Não sei como começar. Bom tomei uma decisão importante, tentar deixar menos reticências possíveis em meus textos, ele deixam a liberdade, de quem está lendo, para se fantasiar ou imaginar o resto. Não tenho tido uns dos melhores dias, estou doente mais uma vez, uma gripe, mas que me estranha de mais, há menos de um mês estive gripada, como estar gripada de novo?

Fiquei pensando sobre isso, acho que encontrei a razão de minha imunidade baixa: a tristeza.

Sim, a tristeza que se alojou em mim. A dor que sinto constantemente no meu peito, o enjôo que me dói a boca do estômago, fazendo com que desde que acordo minha cabeça doa. E faz com que meus pensamentos façam os olhos arderem e a lágrima que se escorre queime sobre a pele, de tão salgada que é.

Uma conclusão sempre trás outras conclusões.

O que seria de mim sem a tristeza para me encher de motivação para fazer aquilo que mais gosto que é escrever?

Ela que me trás a inspiração, que me da todo tempo novas certezas e palavras, ela que faz com que eu consiga me expressar através dessa arte chamada: Palavra, que quando se juntam formam frases, que se ajuntam e formam textos. Que criam personagens, que faz com que alguém tenha aquilo que você deseje ter. Que faz com que você possa gritar de um modo, que todos irão te escutar.

Qual seria a inspiração dos meus escritores favoritos?

Uma linda morena, cujo Vinicius teria conhecido na beira da praia, e então ao chegar em casa com toda aquela inspiração teria escrito “...que seja eterno em quanto dure.”

E Cecília Meireles, teria ela se inspirado em sua filha quando escreveu sobre a pequena bailarina? São perguntas que ficarão no vazio. Não sei nem nunca irei saber quais foram as sua inspirações. Mas afinal, uma inspiração seria assim tão importante para palavras que juntas viram frases, que viram textos?

Não sei, só sei que as inspirações de textos de amores e paixões são também as mesmas inspirações sobre os textos de tristeza e pedido de descanso, que vem logo depois.

Teriam eles a mesma tristeza que também me assombra? Que me perturba na calada da noite e faz com que os pensamentos fiquem vagando, deixando a insônia predominar?

Fazendo o peito remoer a cada memória remexida? E os olhos chorar?

Daí então vem aquela inspiração, aquele desejo inquietante, a necessidade de escrever. Que chega a faltar o ar. E então ao escrever...ah ao escrever. É como se fosse o clímax de todo aquele sentimento mórbido que predominava sobre o lugar, sobre as costas tortas e sobre o peito corroído.

Passo muito tempo pensando sobre tudo, e sobre o tudo que penso é sobre o tudo que quero escrever. Confuso? Que nada, sou eu.

Aquilo que escrevo sai de mim para mim mesma.

Creio que ainda estou aprendendo.



J.Nogueira

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