terça-feira, 27 de outubro de 2009

O primeiro pé na estrada

Há muito tempo já tinha vontade de pegar aquela velha mochila encostada no canto da cama e conhecer novos horizontes. Pegar um trem e descer em uma estação qualquer, conhecer gente nova. Assim na cara e coragem.
Isso me vinha como um sonho até que então um dia resolvi deixar aquele sonho registrado em fotografias e em textos que eu haveria de escrever ao longo do caminho.
Vesti minha calça mais confortável de cor verde, coloquei aquele tênis que mamãe havia me dado no ultimo mês, uma camiseta branca e a velha mochila. Peguei o necessário e parti.
Segui às 8h da manhã, até a estação da Luz cheguei à bilheteria e comprei um bilhete de trem. Desci até a plataforma, dei sorte! O trem já estava lá pronto pra sair.
O trem ia até Guaianazes e de lá eu peguei um outro que ia até Mogi das Cruzes, na grande São Paulo. Era um pé no interior já.
No vagão vi uma garotinha, devia ter entre cinco seis anos, dos cabelos pretos e olhos bem escuros. Acho que um castanho quase preto. Estava com sua mãe, uma senhora de estatura mediana e magra. Elas demonstravam muito afeto uma pela outra, acho que nunca havia visto amor assim. Na hora lembrei de minha mãe e de como nós não éramos assim, eu sentia falta disso nela, ela era realmente Mãe mesmo. Mas eu queria uma amiga, cúmplice e companheira.
Olhando pela janela pensei “não posso reclamar, essa é a mãe que Deus me deu e é assim que eu a amo”.
Olhei no relógio e já eram quase 10h da manhã. O trem finalmente chegou à estação.
A fome já começava a alertar, parei em uma lanchonete e comprei alguns salgados e um suco. Não queria estragar o apetite até porque a minha missão final era comer o famoso Yakissoba na praça central.
Sai da estação rumo à praça, já eram quase meio dia e a fome apertava novamente.
Resolvi ligar para casa e avisar minha mãe que tudo estava bem, que eu havia chegado e que aquele município era uma graça de lindo.
Ali bem próximo avistei a praça com as barraquinhas de comida, as orquídeas á venda (até porque eu estava na cidade das orquídeas), fiquei com vontade de comprar tudo. Sentei em um banco da praça e reli tudo o que eu já havia escrito sobre as meninas no trem, sobre a saudade de mamãe, sobre o lanche. Vi algumas fotos que eu já tinha tirado no caminho, tirei outras da praça onde eu estava. Guardei tudo na velha mochila e fui procurar o tão sonhado yakissoba de Mogi.
A moça da barraquinha, uma japonesa de olhos bem puxados, mas bem puxados mesmo, Mineko era seu nome, foi quem me atendeu. Logo percebeu que eu era nova ali e me perguntou se eu era uma nova moradora ou estava somente a passeio. Falei para ela de onde eu era e que eu estava ali apenas para um almoço. Contei que depois que vi uma matéria no jornal sobre a cidade, a praça, o parque e o yakissoba. Fiquei na curiosidade de conhecer aquele lugar pelo qual me apaixonei. Mineko morava ali desde sua infância quando seus pais a vieram do Japão e me contou muitas curiosidades sobre o lugar. Fiquei mais encantada ainda.
Foi dando a hora de eu voltar para casa e sem um pingo de cansaço revi todo o caminho de volta. Cheguei em casa com muitas fotos e o registro da minha primeira aventura como mochileira.
Antes de dormir pensei “Hoje são cidadezinhas próximas de onde eu moro mas amanhã? Ahhh amanhã... será o mundo!!”.
Juliana Nogueira


Um comentário:

Aline Oliveira disse...

meninaaaa. então foste comer o yakissoba em mogi? O.o
nem me conta mais nadaaaa